Você sabia que a biblioteca mais antiga do mundo em atividade foi criada por uma mulher no norte da África? A biblioteca Al-Qarawiyyin existe há 1.200 anos na cidade de Fez
Famosa por seus mercados e artesãos, a cidade de Fez é considerada a capital cultural do Marrocos, no norte da África. O local possui um grande casario histórico e uma das principais atrações são as caminhadas a pé pela medinas, como são chamados os antigos bairros murados, com casario geométrico e ruas estreitas e labirínticas. A medina conhecida como Fez El-Bali é Patrimônio da Unesco desde 1981 e possui mais de 10 mil ruelas. O visitante encontra de tudo: dos “souks”, os chamados mercados de rua, a mesquitas, templos, madrassas, tanques de curtume e inúmeras fontes de água.
É no El-Bali que se encontra a biblioteca Al-Qarawiyyin, considerada a mais antiga do mundo em atividade e que possui mais de 32 mil manuscrito incluindo, textos sobre o islamismo, ciência e matemática. Ela foi fundada em 859 e abriga manuscritos que datam de há mais de 12 séculos. O espaço histórico inclui não só uma biblioteca, mas também uma famosa mesquita (na qual apenas muçulmanos podem entrar) e uma universidade considerada pela UNESCO como a instituição educacional mais antiga do mundo.
A biblioteca ficou fechada para o público por anos, sendo acessada apenas por estudiosos. Em maio deste ano ela reabrirá as suas portas. O estado de degradação da biblioteca colocava em risco preciosos manuscritos que cobrem séculos de conhecimento em áreas diversas como teologia, gramática, filosofia, matemática, direito e astronomia.
Depois de décadas de degradação profunda, a arquiteta marroquina Aziza Chaouni aceitou o desafio de ressuscitar este espaço de conhecimento milenar. Ela não só teve que reabilitar o espaço e preservar a autenticidade original da biblioteca e da sua arquitetura, mas também trazê-la para o século 21 e torná-la perfeitamente funcional para receber regularmente visitantes. O edifício agora conta com uma sala de leitura, uma sala de conferências, um laboratório de restauração de manuscritos, um café e uma coleção de livros raros.
A Al-Qarawiyyin foi originalmente construída durante a chamada Era de Ouro islâmica, quando houve o apogeu cultural da região. O mais surpreendente é que o espaço foi criado por uma mulher, Fatima El-Fihriya, filha de um emigrante rico da atual Tunísia. Ela era bem-educada e usou toda sua herança para construir uma mesquita e administrar um centro de conhecimento para a sua comunidade, desafiando as ideias estabelecidas sobre a contribuição de mulheres no patrimônio muçulmano.
Os ocidentais eram bem-vindos e durante a Idade Medieval, a universidade atuava como um centro de troca de conhecimento entre os muçulmanos e europeus. De lá saíram pensadores ilustres do mundo árabe como o poeta e filósofo Ibn Al-‘Arabi (1165-1240) e o escritor Leão, o Africano (1494-1554).
Sem comentários:
Enviar um comentário